Cheguei à vida por intermédio de tuas mãos
Convivemos por onze delicados dias
Depois nos perdemos
Pisei outras pedras - menos cheias de história -
Avistei montanhas sem o entrecorte de tuas cúpulas
E arranha-céus sem tuas coroas imperiais
Ouvi vozes
Que não eram as dos teus sinos
Não senti saudade tua
Troquei teus templos dourados
Por outros nada barrocos - tampouco sagrados -
Aventurei-me no profano
Segui
Ignorante de que havias construído de tuas pontes
Entre nós
Estou de novo em tuas entranhas
E cada beco teu
Parece devolver uma parte minha
Reintegro-as
Absorvo tua arte
Descubro novos ofícios
Restauro-me
Restituo em prosa
O que me revelas em dor
E em imagem onírica posso - ao fim - vislumbrar
tua Maria Fumaça - em chamas -
tua Maria Fumaça - em chamas -
Cruzando o horizonte
Levando consigo o cale-se
Que um dia foi meu.
Que um dia foi meu.
Bravo!
ResponderExcluirps.: mas sugiro que avise nos próximos: "Exilados, providenciem lenços antes de começar o deleite"
não sei o que dizer... uma palavra meu Deus, queria uma palavra, talvez : superação!!!
ResponderExcluiramei!!!
A tradição concretista novamente aparece em seu poema. Um verso maior, um verso menor... e faz-se o desenho na página, mas, como sempre, é só um acréscimo. A essência é muito mais que isso. É a vida!
ResponderExcluirPerfeita a fusão de cidade e cidadã. A cidade já não é mais algo externo, mora no corpo, na alma de quem se apaixonou por ela.
Embora as circunstâncias do poema sejam outras, lembra o poema do Drummond, Coração numeroso:
"O mar batia em meu peito, já não batia no cais.
A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu
a cidade sou eu
sou eu a cidade
meu amor."