- para Luiz Fernando Carvalho
Hoje
eu conheci um homem que constrói imagens em busca de janelas
Ele
me comoveu
Era
um moço alto
,
elegante
Chegou
como chegam as pessoas grandes do lado de dentro
Sem
estardalhaço
Sentou-se
Acompanhado
de outro gigante discreto
Ambos
tinham olhos que abriam portas para arcaicas lavouras
-
e para as distâncias que o amor pode abarcar -
Mas
o homem que busca janelas me comoveu
Sim. Eu
já disse
O
que eu não disse é que a primeira delicadeza a me comover nele
Não
vinha da mitopoese dos seus relatos
Mas
das meias verdes que escapavam de suas botas
Aquelas
meias provocaram meu imaginário
Era
a segunda vez que um homem de terno me desviava a atenção para o improvável
:
a cor de suas meias
O
primeiro foi Ariano Suassuna
que
foi receber homenagem - lá na terra de el Rei –
e
levou sua poesia nos pés
,
vestida de vermelho
Agora
este
que
veio para homenagear
e
trouxe também nos pés
a
lavoura que começou a cultivar quando ainda via pela janela dos olhos de sua
mãe
Hoje
eu conheci um homem que constrói imagens
Usa
meias verdes
É
amigo do homem de meias vermelhas
E
abre janelas que dão para o lado de dentro.
Imagem do filme Lavoura Arcaica de Luiz Fernando Carvalho |
(Aline Barra – 29/11/2012)
Texto motivado pela conversa, promovida pela Balada Literária 2012 (http://baladaliteraria.zip.net/), com Luiz Fernando Carvalho e Raduan Nassar, respectivamente diretor do filme (2001) e autor do livro (1975) Lavoura Arcaica.
olhar com esmero
ResponderExcluirtraz o detalhe
o fino fio
que faz o contrapeso
abs Aline
=]
ExcluirAbração, Pizano!
ExcluirFino trato. Verbo raro. Cor intensa.
ResponderExcluirBabei!
Vamos dar vivas as meias verdes! Lindo, adorei! bjs
ResponderExcluirexistem homens e Homens;
ResponderExcluiralguns nos colhem com suas verdes verdades.
adorei o texto, tava sentindo a ausência das suas atualizações...
Ana e Jaque, obrigada! Adoro recebê-las aqui! =]
ResponderExcluirLulu, pois é... alguns até conseguem quebrar nosso silêncio e devolver-nos a voz da poesia. Adoro vc aqui tb!!!
Muitos mundos cabem em um olhar. Para quem vê enviesado, com olhar de poeta endoidado (todo poeta é) o mundo é vermelho, verde e, principalmente, de cores que não existe. Só um olhar poético verá a cor da alma (quantas cores pode atravessar essa janela?) pela cor da meia.
ResponderExcluirAline, se a escrita é pra você uma catarse, o fato de estar demorando tanto tempo para escrever é bom, quer dizer que está bem. Mas a escrita, se é, não é só catarse. Sua sensibilidade é muito maior que isso.
Beijo!
Robert, meu querido... Vc me deixa sem letra.
Excluir=)
Beijo!
Ouvi-la aqui e nesta hora,um presente precioso.Foi-se ainda agora um fazedor de janelas,idoso de sonhos concretos.Chegam-me meias verdes verdades vermelhas. Te gosto em prosa ,verso e silêncio.Abraço de colo de maemiga.
ResponderExcluirMuito do caralho!
ResponderExcluirObrigada, Caju!!! :D
ExcluirApareça mais por aqui...
Abraços!