agora sem pintura
escondia-se por debaixo do chapéu
Um pouco mais distante
menos colorido, talvez
Mas ainda vestido do mesmo sorriso
e despido pelo mesmo olhar
O Palhaço andava sumido
provavelmente, levando alegria
a outros picadeiros
Ou, quem sabe
recluso
imerso em sua tristeza
compondo o próximo auto
Era possível que as tintas ocultassem
aquele rosto cor de trigo
e até disfarçassem o sorriso acanhado
Era possível não ver o coração
contido
depois do suspensório
Só não era possível
- nem mesmo à chuva torrente
daquela noite -
desfocar o Palhaço
retratado
nos olhos sem pintura
daquele rosto
pálido.
(Aline Barra - 25/11/2010)