Psicodelismos em prosa

À Quintana:

E todos aquilos
que um dia atravancaram o meu corpinho
(...)

Eles passaram.
Eu passarinho! v.V

_Aline, 21/03/2015.



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A face (nua) do Palhaço

O rosto,
agora sem pintura
escondia-se por debaixo do chapéu

Um pouco mais distante
menos colorido, talvez
Mas ainda vestido do mesmo sorriso
e despido pelo mesmo olhar

O Palhaço andava sumido
provavelmente, levando alegria
a outros picadeiros

Ou, quem sabe
recluso
imerso em sua tristeza
compondo o próximo auto

Era possível que as tintas ocultassem
aquele rosto cor de trigo
e até disfarçassem o sorriso acanhado
Era possível não ver o coração
contido
depois do suspensório

Só não era possível
- nem mesmo à chuva torrente
daquela noite -
desfocar o Palhaço
retratado
nos olhos sem pintura
daquele rosto
pálido.

(Aline Barra - 25/11/2010)