Psicodelismos em prosa

À Quintana:

E todos aquilos
que um dia atravancaram o meu corpinho
(...)

Eles passaram.
Eu passarinho! v.V

_Aline, 21/03/2015.



quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

das contradições do amor

_para Catarina e Petruchio [codinomes]

que se amavam
até as pedras da rua já sabiam

mas acreditavam que era chegada a hora
da despedida

noite regada a vinho
queijo e
nó nos peitos

embriagaram-se mais uma vez
- segundo disseram:
a derradeira vez -
de lua e amor

amanheceram marejados
transbordados de amor despedido

ela tinha as malas prontas e
disse ter acordado

 part ida

_Aline Barra - 18/12/2013



sábado, 17 de agosto de 2013

uma outra estação


o calendário diz que é inverno
mas meu coração decretou verão

chega de amor na caverna
amor sombra

quero amor solar
olhos nos olhos
mãos nas mãos
pés no chão
e caminhar junto

quero atritos conflitos e sínteses
corpos quentes e armaduras descansadas

quero amor maduro
com passado no passado
feridas cicatrizadas
e presente enfeitado de laço

quero a flor desabrochada
as raízes submersas
e a vida se abrindo

quero amar!
é verão.


Aline Barra – 17/08/2013



terça-feira, 16 de julho de 2013

dos vácuos do amor


enquanto ela invertia toda a sua lógica estética
para dar cabimento àquela súbita paixão
ele dedicava seu tempo ao desinteresse
por paixões
por si
por ela



_Aline Barra – 16/07/2013

segunda-feira, 1 de julho de 2013

inferno astral [?]


é o sol - em câncer -
re - apossando - se de mim

sim
estou em chamas


Aline Barra - 01/07/2013

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A história (inacabada) do amor:


já foi compromisso
depois romantismo
ensaiou ser hippie
e acabou movimento sem teto

foi também bossa nova
nouvelle vague
e agora parece funk

pretendeu ser poesia
mas sua métrica era desarmônica
rimava com cor
e terminava em dor

 . . .

"quem inventou o amor
me explica, por favor"!


(Aline Barra – 13/06/2013)



sábado, 27 de abril de 2013

pretérito perfeito


essa coisa de tentar conjugar o passado no presente é tempo que não cabe. é natureza morta. é como tentar tomar o café adormecido na garrafa. não desce. já não possui o sabor e o aroma de outrora. e ainda está frio. por outro lado, o reencontro com o passado é o melhor caminho para deixá-lo ser o que é: 
memória.
história.
e ponto. 

(Aline Barra - 27/04/2013)



segunda-feira, 18 de março de 2013

Parodiando Neruda...


Se nada nos salva 
dos desprazeres 
(da vida)
que pelo menos a poesia nos salve 
da morte
(em vida)
[!]

(Aline Barra – 18/03/2013)




quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Das ampliações das lentes paulistanas: solidão



Arte de Michelangelo Merisi da Caravaggio




São Paulo é uma máquina de ampliar as coisas.
Aqui tudo é grande.
E eu que já desconfiava, agora tenho certeza: sofro de solidão [GRANDE].
Mas não é solidão de falta de companhia.
Não é gente o que me falta. 
É alma; afim. Enfim.
Sofro de solidão de alma sem eco.
Não sei se meu grito é mudo. Ou se é a cidade que faz muito barulho.
Ou ambos.

Já troquei de cidade. 
Inútil.
Não consigo trocar de alma.


(Aline Barra – 06/02/2013)


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

amor de carnaval em chuva de verão


caia uma chuva mansa
colorida de confetes
e o amor passou com olhos brandos
de quem colhia o carnaval sem pressa

olhou-me
com leveza
fez-me sorrir

depois parou
voltou
e disse ter gostado de algo em mim

talvez o enfeite de miney em minha cabeça

mas acho que não
porque ele preferiu enfeitar-se do vermelho da minha boca

- antes de seguir o trio elétrico –

(Aline Barra – 04/202/2013)



** Foto de Margot Félix. Vale a pena conferir outros olhares: https://www.facebook.com/MargoFelixFotografia


domingo, 27 de janeiro de 2013

m-o-s-a-i-c-o

 - para minha mãe, que aprendeu a construir mosaicos



eu era

cacos

a psicologia foi que me colou
usando fios - de poesia



(Aline Barra - 27/01/2013)




** Fotografia de Margot Félix, outros cliques em: https://www.facebook.com/MargoFelixFotografia


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

a vapor [ barato ]


era para ser assim:

matarias tu a minha sede
aquecerias os meus frios 
ofertarias a mim tuas abundâncias

eu, de mim
cairia 
aos teus encantos ...

acontece que não somos bons 
em pactos

tu guardas a sete chaves tua riqueza
e eu ...

eu ...
- ou fácil não me encanto 
ou encanto e desencanto -
sou volúvel

mas adoro flertes
e você pode me seduzir, se quiser 

(Aline Barra - 11/01/2013)



** Fotografia de Margot Félix. Mais flertes em: https://www.facebook.com/MargoFelixFotografia