Cheguei à vida por intermédio de tuas mãos
Convivemos por onze delicados dias
Depois nos perdemos
Pisei outras pedras - menos cheias de história -
Avistei montanhas sem o entrecorte de tuas cúpulas
E arranha-céus sem tuas coroas imperiais
Ouvi vozes
Que não eram as dos teus sinos
Não senti saudade tua
Troquei teus templos dourados
Por outros nada barrocos - tampouco sagrados -
Aventurei-me no profano
Segui
Ignorante de que havias construído de tuas pontes
Entre nós
Estou de novo em tuas entranhas
E cada beco teu
Parece devolver uma parte minha
Reintegro-as
Absorvo tua arte
Descubro novos ofícios
Restauro-me
Restituo em prosa
O que me revelas em dor
E em imagem onírica posso - ao fim - vislumbrar
tua Maria Fumaça - em chamas -
Cruzando o horizonte
Levando consigo o cale-se
Que um dia foi meu.
(Aline Barra - 07/04/2011)
 |
Fotografia: Netun Lima |