Psicodelismos em prosa

À Quintana:

E todos aquilos
que um dia atravancaram o meu corpinho
(...)

Eles passaram.
Eu passarinho! v.V

_Aline, 21/03/2015.



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Sobre perdas e porquês...




Observo
impotente
o corpo frágil
desfazendo-se
de mim

tento argumentar
:
gotículas de afeto hão de cair sobre ti
quero que fiques um pouco mais
é cedo. ainda. creio [!]

não adianta
meus argumentos se mostram
tão frágeis quanto o próprio corpo
[ele parece já não crer]

e tal qual
a rosa da tarde
definha
não por escassez de água
mas por excesso
de falta[s]

Eros está morto. E sem ele Psique não tem por quê.



(Aline Barra – 15/09/2011)

12 comentários:

  1. Você escreve, se descreve, eu leio, me leio...

    Bonito, a mitologia da sua escrita...

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  2. "Vandárdigo!"

    Amo, amo, amo.

    Gostei muito de:
    "e tal qual
    a rosa da tarde
    definha
    não por escassez de água
    mas por excesso
    de falta[s]"

    (porque existe uma grande diferença entre escassez e excesso de falta[s])

    Beijo, querida poetisa!

    Mima.

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  3. Obrigada, Meninas!!!

    Com tantos carinhos minha alma se aquieta e baila..

    Beijos!

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  4. Aline, desejo-te uma chuva 'abundante' na medida que possa regar a terra que sofre 'excesso de faltas' e que nasçam lindas flores!

    Abração!

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  5. Macabéa,

    ter vc por aqui já é pura chuva em abundância!

    Obrigada!

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  6. teu poema é emoção pura e para mim queria só isso: " gotículas de afeto hão de cair sobre ti"
    seria um bom momento de paz interior

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  7. Oi Ediney!

    Obrigada! Seja bem vindo!

    Abraços!

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  8. paraíso - um sopro de véspera



    onde
    suspenso o sonho
    após o sonho do canto
    agora adversa e indigesta
    a véspera de um dia de espanto

    - solitária ninfa entre fantasmas e anjos fulvos

    és a gárgula
    de afogadas falésias
    entre o fôlego e o fósforo riscado
    vigorosos sonhos em delírios

    invasores
    roubam-lhe a chama
    em combustão - de líquido viscoso
    varrendo-lhe centelhas de relâmpagos

    já se põe
    o sol em teus meandros
    entremeado aos rios esculpidos
    em rochas inquisidoras e aturdidas

    da mão
    que toca os cabelos
    no fundo das correntes e te sobe
    com os dentes rangendo até os pêlos

    em latejo
    tens as virilhas
    entreabertas em brasa e saliva
    a língua sobre o templo que cintila

    vislumbras
    o paraíso num inferno
    e noutro e mais outro - explodes
    em ruínas e escamas ao desespero

    exclamas
    e recordas dos delírios
    embora o labirinto que te devora
    não lhe permita noites de fascínios

    diante de mim
    já adormeces sonhos
    e os invasores do teu (en)canto
    se arrastam em intrigas:

    - solitária ninfa entre fantasmas e anjos fulvos


    www.escarceunario.blogspot.com

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  9. Aline
    Adoro as formas visuais que sua poesia me faz imaginar.
    Muito bom.

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  10. Aline,

    vc se espelha em uma fauna mitológica toda própria, enquanto tua poesia nos alumbra.

    Ao contrário do enlace efêmero entre os deuses, tua escrita grava-se fundamente.

    Abraços!

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  11. Lindo. Sensivelmente lindo. Adorei, Aline Barra. Eros e Psiquê. Esse mito é fabuloso, a imagem, também. Lembrou-me o "Banquete" de Platão e de toda essa carga paradoxal que é o amor. Fiz uma poesia que segue, a princípio, temáticas parecidas. Chama-se "A Penúria do Amor", está disponível no meu blogger. Acabei de conhecer o blogger de Macabea de La Mancha e, aproveite, pra visitar o seu... Só tive a ganhar com isso. Parabéns...

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  12. Oi Maxwell!

    Seja bem vindo aqui! É sempre um prazer ter novos olhares!

    Fico muito feliz que tenhas chegado até mim pela Macabéa. Adoro esse entrelaçamento cibernético!

    Abraços! Vou indo ao teu canto...

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