Era noite.
O interfone tocou, chamando-a para a rua. Ela saiu. Foi recebida com céu estrelado e paineira florida. Ambos a lhe saudarem com a mensagem de que a vida permanecia pulsante apesar da chuva torrencial que desabara nas últimas horas. E ela, de repente, percebeu que os porquês eram desnecessários, que a vida é um grande mistério e que querer entendê-la e explicá-la pode ser só mais uma maneira de não vivê-la. De não estar inteira nela e nela inteira. E percebeu que viver pode ser apenas um sonho em estado de vigília [seja como for, sempre se acorda]. E, de súbito, deu-se conta que não mais sequer sabia se sonhara ou despertara. Mas tinha duas certezas: pulsava, e via-se recém parida [dos escombros].
_Aline, 14/03/2015.
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Maria-sem-vergonha, pelos olhos de Margot Félix. |
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